(homenagem à Yara Queiroz,
minha esposa)
O ano
era 2007. O dia era 13 de fevereiro.
Uma
torta em uma mão e um girassol na outra.
Foi
assim que chegara minha esposa ao Hospital São Joaquim, na Beneficência
Portuguesa, naquela manhã fria, na cidade de São Paulo.
Era o
dia de meu aniversário!
Havia
sido submetido à quinta cirurgia para drenagem de secreção em meu cérebro,
pelos médicos Antônio Almeida e Valéria Moio. Era a quinta cirurgia e a segunda
realizada pelos profissionais da medicina no mesmo hospital.
Mas era
meu aniversário! E eu o havia esquecido por completo!
Eu lá,
deitado inerte na maca da enfermaria, olhando para um teto pintado de branco,
havia esquecido a data. Sabia apenas que estava frio naquela manhã quando minha
esposa entrou na enfermaria, com a torta e uma flor de girassol.
Mas foi
lindo – e apaixonante também, vê-la com uma torta na mão e uma flor de girassol
na outra.
-Parabéns
pra você! Trouxe-lhe este girassol que significa luz e vida – disse minha
esposa, ao entregar-me o girassol.
Algumas
enfermeiras foram até ao local, ao ouvir minha esposa falando um pouco alto:
- O
aniversário dele é hoje?
- É sim.
É hoje, respondera minha esposa, entusiasmada.
Eu,
deitado na maca da enfermaria, só tive condições de confirmar “é...mas não é
que havia esquecido disso!?”
Refeito
do prazer e, ao mesmo tempo do susto que minha esposa me causara por ter se
lembrado de meu aniversário e eu, esquecido dele, convidei enfermeiras para
comer a torta que fora comprada em uma padaria na esquina da rua do hospital.
Nem refrigerante tinha.
Pedi uma
faca para cortar a torta!
Não
pode! Se souberem que fiz isso, serei demitida! – respondeu-me a enfermeira. Eu
apenas disse-lhe: “...demitida por uma nobre causa, atendendo ao pedido de um
quase moribundo!”
“Eu vou
buscar a faca, então!” e saiu da enfermaria a enfermaria.
Trouxe-me
a faca, cortei a torta, beijei e guardei a flor de girassol em um canto, na
janela, durante dias, até murchar como se ela fosse uma jóia rara – e era para
mim. Mas não o girassol como desejei beijar minha esposa, se pudesse, naquele
momento.
Devido
ao frio que fazia em São Paulo, o girassol permaneceu firme por alguns dias,
até que faleceu como quase falecia também devido a um derrame que sofri.
Autor: Carlos Costa - Manaus/AM
Blog do autor: http://carloscostajornalismo.blogspot.com/
Publicação autorizada através de e-mail de 18/02/2012
Um comentário:
Como se diz por cá: tiraste a sorte grande! Nutre esse amor todos os dias. Em um mundo tão sem amor é bonito saber de pessoas que se querem bem.
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