Autora: Maria Luzia dos Santos
- Chamo-me Mariana, tenho 77 anos e meu casamento
durou 53 anos.
Pedro e eu nos conhecemos num entardecer chuvoso.
Andava apressada para pegar o ônibus quando levei um tombo.
Algumas pessoas se aproximaram e entre elas
estava um homem moreno que me pegou pelas mãos me ajudando a levantar.
Agradeci a gentileza , me recompus e segui em
direção ao ponto de ônibus - meio envergonhada.
Uma semana depois nos reencontramos numa pizzaria.
Era noite de Sexta - Feira e estava com duas amigas.
Ele se aproximou de nossa mesa, se apresentou e me
perguntou como eu estava.
Começava ali uma paquera que virou namoro.
Num Domingo de Outono caminhávamos pela Quinta da
Boa Vista quando
começou a chover. Corremos de mãos dadas procurando
um abrigo quando
Pedro parou e me perguntou- Mari, quer casar
comigo?
Sob a chuva molhando nossos corpos beijamo-nos
apaixonadamente e ele
sussurrou no meu ouvido- Prometo que sempre irei
lembrar de nós dois
quando a chuva cair ao entardecer, meu amor.
Tivemos um casal de filhos e três netos.
Éramos uma família feliz até que Pedro começou a ficar esquecido, comportamento
estranho e arredio.
Levei-o ao médico e ele foi diagnosticado como
sendo portador do Mal de Alzheimer.
A doença progrediu numa velocidade que espantava o
médico.
Meu Pedro, meu companheiro tão afetuoso, gentil e
alegre vivia apático e dependente de pequenas coisas.
Foram anos muito difíceis para toda a família. Um
sofrimento diário. Eu estava perdendo o meu amor.
Sempre ao entardecer nós ficávamos sentados nessa
varanda e eu afagava suas mãos e ele parecia sorrir com os olhos.
Quatro dias antes dele falecer, deixei-o por uns
minutos sozinho e quando retornei a chuva caía suavemente.
Sentei-me ao seu lado e inesperadamente ele me
olhou,voltou seu olhar para a chuva e balbuciou... n ó s.
Autora: Maria Luzia dos Santos - Rio de Janeiro/RJ
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Publicação autorizada pela autora
Autora: Maria Luzia dos Santos - Rio de Janeiro/RJ
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2 comentários:
Bela mensagem de amor.
Serás uma história real? Se não bem que poderia ser pois é um estímulo para os dias de hoje.
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