Tenho uma empatia muito grande
com quase todo tipo de bicho .
Nesta época do ano, alguns pássaros vem
fazer seus ninhos nas árvores do meu jardim. São rolinhas, sabiás, cambaxirras.
Quando eu os vejo entrando e saindo das casinhas de passarinho, ou carregando
galhinhos secos e restinhos de algodão de paineira nos bicos, eu já sei: vai
começar tudo de novo!
Estas sabiás da foto foram minhas
hóspedes há algum tempo. Assisti quando seus pais começaram a construir o
ninho, e até achei estranho, já que o fizeram em um local realmente baixo, tão
baixo, que pude fotografar o ninhovárias
vezes sem precisar sequer esticar o
pescoço. Eu ajudava a tomar conta delas, quando os pais estavam fora, pois às
vezes, elas caíam do ninho. Acompanhei todos os seus estágios, desde quando
eram apenas ovinhos, e ao nascer, coisinhas cor-de-rosa muito feinhas, até o
ponto que chegaram nesta foto.
Um dia, acordei e encontrei o ninho
vazio: elas se foram. Ainda as vi algumas vezes aqui pelo jardim, ensaiando
vôos, e confesso que ao ver o ninho vazio, senti uma certa melancolia...
As mais difíceis de lidar, são as
rolinhas. Elas sempre acabam expulsando algum filhote do ninho. Isso já
aconteceu várias vezes. Uma vez, consegui colocar o filhote de volta, mas a mãe
o expulsou novamente, e após ele cair no gramado, ela foi atrás dele,
bicando-o. Peguei-o novamente. Como já era bem grandinho, achei que conseguiria
criá-lo. Todos os dias pela manhã, eu o soltava no gramado, e ele ficava piando
pela mãe, mas quando ela o avistava, caía de bicadas em cima dele. Acabou
morrendo, acho que de tristeza.
As cambaxirras são as mais engraçadas:
elas começam a encher todas as casinhas do jardim com gravetos e tudo o
mais que encontram por aqui; depois, escolhem apenas uma delas e fazem seus
ninhos. Elas não tem medo de nós, e também escolhem, geralmente, um local muito
baixo aqui na varanda. Uma vez, um filhote fugiu do ninho, e quando tentei
pegá-lo para devolvê-lo ao seu lugar, ele entrou pela porta da sala - imaginem,
aquela coisinha mínima se escondendo dentro de casa! Vi quando ele entrou no
meio das toras de madeira da lareira, e tive que retirar uma a uma
cuidadosamente, até conseguir pegá-lo. Foi uma dificuldade...
Este ano, vi que as sabiás fizeram seu
ninho no pé de tangerina. Desta vez, não será tão fácil fotografá-las. Mas
terei que ficar de olho, já que o ninho está dentro do local do canil, e se um
dos filhotes cair, a Latifa não vai perdoar...
Esta época é muito bonita, mas também
um pouco triste, pois sempre encontramos alguns filhotinhos de pássaros mortos
pelo jardim. Eles caem - ou são expulsos de seus ninhos durante a madrugada, e
não temos tempo de chegar até eles antes das formigas. Mas a gente vai fazendo
o que pode.
3 comentários:
Um texto permeado de ternura. Daquela ternura que só quem ama os bichos de verdade, sabe expressar. Uma delícia de leitura. E muito cuidado com a Latifa rs... Marina Alves.
(Padrão usado em todos os textos comentados para dar a todos um tratamento igual). Fazendo pois uso dos critérios apontados no regulamento, deixo aqui minha impressão: ortografia, gramática e pontuação: se há erros graves desta natureza não percebi durante a leitura. Trata-se de uma crônica, isto está claro, escrita num tom tranquilo e agradável de se ler. Faz referência a uma foto que não está sendo exibida, e isso precisa ser arrumado para que o texto fique independente da imagem. Não sei se está de acordo com a proposta do concurso (observando o requisito de demonstração de afeto pelo animal), porém não cabe a mim julgar esta questão, apenas deixar um comentário sobre os textos. Avaliação pessoal: bom. Parabéns à autora ou ao autor e boa sorte! (Torquato Moreno)
Texto bom. Boa desenvoltura na escrita e de leitura agradável, embora, a meu ver, não esteja totalmente dentro dos parâmetros do concurso. Há menção de uma imagem inexistente e essa referência deixa no leitor a sensação de "coisa inacabada". Parabéns a quem o produziu.
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