Já era perto da meia-noite e, embora fosse julho, mais precisamente o dia 20, do ano de 1969, fazia calor. Desde cedo que eu me preparava para o grande acontecimento. Nem sabia direito do que se tratava, mas tinha escutado meu pai falar na hora do almoço e fiquei numa grande inquietação e, finalmente, ia acontecer.
Um ventilador enorme, todo de metal, como já não se faz mais, rodava sua hélices de forma rápida, cortando o ar pesado. Mas a minha atenção estava voltada para outro objeto. Um rádio. Isso mesmo. Um rádio. Eu fui à lua através das ondas do rádio. Devia ser a Rádio Globo. O fato era que, à falta de televisão, lá estávamos um bocado de gente, na sala grande da casa de meus pais, no sertão pernambucano, ouvidos atentos ao que se dizia numa transmissão que não era muito boa. Eu já tinha iniciado minha viagem junto com a Apollo XI já fazia alguns dias. Minha imaginação voava, mas voava muito mesmo. Eu ficava a pensar até como seria o ar na lua, se era denso, se tinha cheiro, se fazia frio, como seria a luminosidade do terreno e o solo propriamente dito. E tinha sérias preocupações com o sucesso da missão e a vida dos intrépidos heróis espaciais. Finalmente o homem do rádio, numa euforia parecida com a narração de uma partida de futebol, anuncia, quase perto da meia-noite, que NEIL ARMSTRONG pisava na lua. Era o primeiro homem a fazer, depois da minha singularíssima pessoa (como diria Augusto dos Anjos) e dos meus pensamentos. Pois bem, homem tinha chegado lá e minha ansiedade e nervosismo tinham diminuído, pois tinha medo que alguma coisa desse errado. Os nomes dos astronautas ficaram na minha memória EDWIN ALDRIN, que tinha o engraçado apelido de BUZZ (zumbido) e MICHAEL COLLINS. O mundo inteiro era companheiro dessa viagem. Calcula-se que mais de 1 bilhão de pessoas assistiram, via satélite, esse feito.
Lembro das conversas dos mais velhos a respeito. A maioria gente simples, analfabeta ou semi-analfabeta, a discutir fervorosamente se era verdade, ou não, que o homem tinha ido à lua. E a distância, quando se falava em 380 mil quilômetros, aqueles homens e mulheres acostumados a medir caminhos em léguas (seis léguas correspondem a um quilometro) não acreditavam que isso tivesse ocorrido. “Seu Damião Balbino”, amigo de meu pai, homem correto, de opiniões incisivas, duvidava plenamente disto, explicando que não seria possível. Ele dizia: “Primo! Isso não pode ser verdade”. (Seu Damião chamava a todos de “primo”) Mas eu sabia que sim. Eu tinha certeza! Outros, mais incrédulos ainda, foram lá fora olhar o céu e voltaram com ares de vitória, dizendo que não tinham visto nada diferente lá na lua que estava no céu. São Jorge continuava lá, não havia novidades. Contra esses, lancei meu olhar de reprovação. Eita gente ignorante! Mas meu pai sabia, assim como eu, que o homem tinha chegado à lua e que tudo que o homem do rádio dizia era verdade. Eu tinha 08 anos. “Este é um pequeno passo para o homem, um gigantesco salto para a humanidade”, foi dito e nascia em mim uma espécie de certeza cega na ciência, na tecnologia, que foi uma palavra que escutei meu pai falar várias vezes naquela memorável noite. Ainda me lembro dos ruídos do rádio, do som produzido pelo ventilador. Assim, também, posso dizer que fui à lua. E fui mesmo.
Um ventilador enorme, todo de metal, como já não se faz mais, rodava sua hélices de forma rápida, cortando o ar pesado. Mas a minha atenção estava voltada para outro objeto. Um rádio. Isso mesmo. Um rádio. Eu fui à lua através das ondas do rádio. Devia ser a Rádio Globo. O fato era que, à falta de televisão, lá estávamos um bocado de gente, na sala grande da casa de meus pais, no sertão pernambucano, ouvidos atentos ao que se dizia numa transmissão que não era muito boa. Eu já tinha iniciado minha viagem junto com a Apollo XI já fazia alguns dias. Minha imaginação voava, mas voava muito mesmo. Eu ficava a pensar até como seria o ar na lua, se era denso, se tinha cheiro, se fazia frio, como seria a luminosidade do terreno e o solo propriamente dito. E tinha sérias preocupações com o sucesso da missão e a vida dos intrépidos heróis espaciais. Finalmente o homem do rádio, numa euforia parecida com a narração de uma partida de futebol, anuncia, quase perto da meia-noite, que NEIL ARMSTRONG pisava na lua. Era o primeiro homem a fazer, depois da minha singularíssima pessoa (como diria Augusto dos Anjos) e dos meus pensamentos. Pois bem, homem tinha chegado lá e minha ansiedade e nervosismo tinham diminuído, pois tinha medo que alguma coisa desse errado. Os nomes dos astronautas ficaram na minha memória EDWIN ALDRIN, que tinha o engraçado apelido de BUZZ (zumbido) e MICHAEL COLLINS. O mundo inteiro era companheiro dessa viagem. Calcula-se que mais de 1 bilhão de pessoas assistiram, via satélite, esse feito.
Lembro das conversas dos mais velhos a respeito. A maioria gente simples, analfabeta ou semi-analfabeta, a discutir fervorosamente se era verdade, ou não, que o homem tinha ido à lua. E a distância, quando se falava em 380 mil quilômetros, aqueles homens e mulheres acostumados a medir caminhos em léguas (seis léguas correspondem a um quilometro) não acreditavam que isso tivesse ocorrido. “Seu Damião Balbino”, amigo de meu pai, homem correto, de opiniões incisivas, duvidava plenamente disto, explicando que não seria possível. Ele dizia: “Primo! Isso não pode ser verdade”. (Seu Damião chamava a todos de “primo”) Mas eu sabia que sim. Eu tinha certeza! Outros, mais incrédulos ainda, foram lá fora olhar o céu e voltaram com ares de vitória, dizendo que não tinham visto nada diferente lá na lua que estava no céu. São Jorge continuava lá, não havia novidades. Contra esses, lancei meu olhar de reprovação. Eita gente ignorante! Mas meu pai sabia, assim como eu, que o homem tinha chegado à lua e que tudo que o homem do rádio dizia era verdade. Eu tinha 08 anos. “Este é um pequeno passo para o homem, um gigantesco salto para a humanidade”, foi dito e nascia em mim uma espécie de certeza cega na ciência, na tecnologia, que foi uma palavra que escutei meu pai falar várias vezes naquela memorável noite. Ainda me lembro dos ruídos do rádio, do som produzido pelo ventilador. Assim, também, posso dizer que fui à lua. E fui mesmo.
Autor: Augusto N Sampaio Angelim - São Bento do Una/PE
Página do autor: http://recantodasletras.com.br/autor.php?id=29657
Publicação autorizada através de e-mail de 13/11/2011
Página do autor: http://recantodasletras.com.br/autor.php?id=29657
Publicação autorizada através de e-mail de 13/11/2011
Um comentário:
Adorei ¨Eu também fui à lua¨. Não era nascida mas minha mãe fala desse momento.
Postar um comentário