sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O escritor e os seus personagens - Autora: Zélia Freire


Ah, se não fosse a imaginação o que seria dos que escrevem ficção...? Como é envolvente a magia da nossa própria transformação em herói em bandido em mocinha... Imaginamos tais personagens, muitas vezes transferimos para estes, os nossos próprios sentimentos, hábitos e gostos e criamos situações, cenários, enredos intrigantes, nos situamos e passamos a viver como se de fato personagens fossemos. Eu posso imaginar um ser, tomar sua forma, suas dores, eu posso falar de uma ilusão que se foi e eu não sei por que se foi; eu posso falar de amor, eu posso culpar o meu anjo da guarda por ter aberto a porta do meu coração para esse amor entrar; eu posso falar do quanto brigávamos e quanto representávamos para um teatro sem platéia; eu posso  falar da experiência de ter chorado por alguém; eu posso falar de amor não correspondido e, finalmente, eu posso falar de um adeus antes do esperado, um adeus de quem não escolhi pra receber... Para em seguida desnudar-me da personagem e deletar sua história...

Autora: Zélia Maria Freire - Natal/RN




Publicação autorizada através de e-mail de 22/032012

3 comentários:

Maria das Neves Jesuino - Carnaiba/PE disse...

Então Zélia, adorei sua crônica, aliás, adoro o que você escreve. Todo ser humano tem imaginação, porém dá inveja dos escritóres, eles usam e abusam dela. E fazem coisas maravilhosas! Um beijo

Patricia disse...

Como diz a música: ¨Ele tem tres carros mas eu posso voar¨. Enfim, é o universo da ficção ou da imaginação. Um abraço querida Zélia Freire.

Carlos Costa disse...

Zélia, adorei sua crônica mas confesso que sempre tive dificuldades em concluir meus livros porque a história me conduz e não donduzo minha história. Escrevi um romance CAUSA MORTIS: OCITOCINA DE AMOR (GOOGLE), o primeiro que conseguir escrevê-lo todo, tive dificuldades para concluí-lo porque narrei uma estória tão frenética que, ao final, fiquei em dúvida como concluí-lo porque havia três opções possíveis: ou o persongem narrador casava com sua amada (descartei porque teria que direcionar o romance para outro caminho), continuar apaixonado mas recusando-se a ser "amante" apenas e ao final, o "matei" de amor,com câncer. Você tem toda razão: não conduzimos os personagens, apenas os criamos. Eles depois nos conduz, só devemos ter o cuidado de continuar com a mesma estória e não fugir dela. Esse romance também está publicado em meu blog pessoal. Um abraço,