segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Arqueólogos encontram vestígios da existência do amor

Autor: Rangel  Alves da Costa

Depois de mais de mil anos de intenso e contínuo trabalho, arqueólogos da Universidade de Cardamore, em Sless-Heim, enfim encontraram vestígios daquilo que possa ser a prova definitiva de que algum dia o amor existiu.
Os vestígios arqueológicos, consistindo estes num manuscrito e num disco de Roberto Carlos da década de 70, podem ser as evidências mais consistentes encontradas até o presente momento acerca desse sentimento que todos discutiam sobre sua existência, porém sem jamais ter sido possível provar.
Fato instigante no importantíssimo achado diz respeito à presença do disco de Roberto Carlos no local. Certamente que não houve necessidade de datar esse achado com carbono-14, como fizeram com o manuscrito, mas evidenciou-se a eternização e até imortalidade de sua música, bem como a certeza de que esse Roberto Carlos que está aí já preexistia na figura de romântico rei desde os primórdios da humanidade.
Já o manuscrito, um frágil documento pré-histórico escrito por cima de um misto de argila e papiro, continha mais símbolos, desenhos e figuras, do que propriamente palavras. Na verdade, era apenas uma curta frase abaixo das ilustrações, de modo direto e lacônico: Sim, ele existiu. E como foi bom ele ter existido!
Ora, mas o que existiu e foi bom que ele tivesse existido? A resposta logicamente somente poderia ser deduzida a partir da análise das ilustrações, e por tal meio até que poderia ser fácil demais, depreendendo-se rapidamente o seu significado, pois os tais símbolos, desenhos e figuras representavam, dentre outras coisas, corações pulsando, lábios se beijando, corações entrecortados por setas e lágrimas descendo do olhar.
O amor, não se poderia imaginar outra coisa senão o amor. Estava tudo ali representado: o namoro, a união, a troca de carícias, a paixão, o desejo, o querer, o impulso, mas também talvez o sofrimento, a dor amorosa, a perda do amado, o adeus, a despedida. E nada mais compreensível que seja assim, pois ali estava o beijo, o coração e a lágrima. E o amor é afeição, mas descontentamento também.
Contudo, os arqueólogos responsáveis pela descoberta não deixaram de demonstrar uma pontinha de descontentamento, vez que desde o início das investigações – há mais de mil anos atrás, reafirme-se – a pretensão maior era encontrar vestígios não só do amor romântico, mas também e principalmente do amor fraternal, cordial, sentimento maior que sempre se imaginou existir no coração das pessoas. Não lograram êxito neste sentido, infelizmente.
Por anos e anos, desde a mais tenra idade dos tempos, sábios, filósofos, videntes, magos e toda uma leva de estudiosos do comportamento humano, tentavam encontrar alguma evidência plausível da existência das diversas formas de amor entre os seres humanos. O que mais instigava é que não havia mais dúvida da existência desse grandioso sentimento nos animais ditos irracionais. Mas nas pessoas sempre foi difícil fazer tal reconhecimento.
Quanto mais o tempo passava, o progresso chegava, a vida se tornava mais fácil para os humanos, mais se tornava difícil encontrar o amor nas relações sociais e até familiares, no convívio que deveria ser amigável por natureza, no passo de cada um perante a vida. E chegou um tempo que a violência, a brutalidade, o desrespeito ao próximo e as crescentes discriminações existentes, acabaram por deixar os pesquisadores sem qualquer esperança.
Contudo, como a ciência jamais silencia ou se esconde diante daquilo que quer provar, e depois de muita luta em busca de patrocínio para a continuidade dos trabalhos arqueológicos, os pesquisadores da Universidade de Cardamore encontraram, enfim, parte das explicações que desejavam: o amor ainda existe, ao menos diante dos vestígios encontrados, o manuscrito e o disco de Roberto Carlos. Mas apenas o amor amoroso, infelizmente.
Segundo a Revista Científica “Amarcord”, o passo seguinte dos pesquisadores – e talvez o mais difícil – será descobrir porque desde o início dos tempos os enamorados já cantavam “Não adianta nem tentar me esquecer/ Durante muito tempo em sua vida eu vou viver...”.


Autor: Rangel Alves da Costa - Aracaju/SE
Poeta e cronista

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Um comentário:

Anônimo disse...

Julgo de essencial importância, tal constatação. E tem mais, Roberto não poderia ser só esse. Sou fã dele e da imortalidade de sua música que canta o amor através do tempo. Parabéns pelo lindo texto. Marina Alves.