domingo, 11 de agosto de 2013

Aquela cena surreal

Autor: Ilton Souza

Encontraram-se pela primeira vez na pracinha mal cuidada de uma   cidadezinha do interior, no início de uma noite de primavera. A mulher sentada num banco, solitária, mergulhava o seu interesse numa revista. O homem se aproximou, puxou conversa;
─ Boa noite senhora... Murmurou.
─ Senhorita... Respondeu.
─ Posso me sentar?...
─ Pode sim... A praça é pública...
─ A moça mora aqui na cidade?...
─ Ela sorriu: ─ Até ontem... Agora estou de viagem...
 ─ Que pena... Vai pra onde?...
─ Ainda não sei...
─ Como não sabe?...
─ Não sei por que não sei... Ora...
─ Tá bem... Me desculpe...
─ Está desculpado... Bem já estou indo, viu?...
─ Já vai?...Ao menos me diga o seu nome!...
 ─ Alaíde...
Embaixo de um poste o pipoqueiro meio alquebrado ao lado do seu carrinho completava aquela cena surreal. O homem se aproxima intrigado.
 ─ Boa noite, amigo...
─ Boa noite...
─ Posso lhe fazer uma pergunta?...
─ Claro... O que o senhor deseja saber?...
 ─ Você conhece aquela moça que estava comigo naquele banco?...
─ Que moça, meu chefe?... O senhor estava sozinho... Parece até que bebeu... Olhe... Eu vou me recolher... Hoje não vai ter freguesia... Todo mundo da cidade deve estar no velório de Alaíde, a filha caçula do dono da farmácia que foi atropelada por uma moto...

Autor: Ilton Souza  - Dias DÁvila/BA
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Publicação autorizada pelo autor

Um comentário:

Anônimo disse...

Que coisa, por essa não esperava. Super bem criativo. Gostei do texto. Gilberto Pereira da Silva/Triunfo/PE