quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Meus tempos de menino...

Autor: Carlos Costa

Saudades sinto de meus tempos de menino:
Correndo pelas ruas livre leve e solto; nadando nos igarapés límpidos que refletiam o meu rosto e, ao fundo, se via areias brancas e reluzentes como que colocadas pelos deuses da natureza;
Saudades sinto de meus tempos de menino:
Atravessando catraias nos igarapés de minha solidão, ainda límpidos que cortavam minha cidade, mas ainda povoam minhas lembranças e alimentavam famílias;
Homens perderam seus trabalhos, deixaram de sustentar famílias e hoje quem sabe por onde andam;
O progresso e a construção de pontes destruíram um pouco de minhas lembranças; do passado destruído em nome de um progresso voraz e inconsequente!
Saudades sinto de meus tempos de menino:
Banhando-me nas entranhas da cidade vazia, infestada por igarapés reluzentes onde se refugiavam pessoas: Parque 10, Guanabara, Tucunaré Clube de Campo e muitos outros;
Saudades sinto de meus tempos de menino:
Vendendo jornais pelas ruas de uma cidade que descansava para o almoço, sem ter preocupação em ser assaltado; no máximo,  importunado por meninos que, como eu, buscavam sobreviver das ruas e nas ruas!
Saudades sinto de meus tempos de menino:
Almoçando cedo, saindo de casa tomando bênção de mãe e pai, para percorrer os cinemas de Adriano Bernardino, indo-os a todos, do Guarany, ao Polyteama e terminando pelo Cine Vitória, andando muitas vezes à pé ou pedindo carona de algum carro passante;
Saudades sinto de meus tempos de menino:
Saindo para o Grupo Escolar, na corroceria ou na boleia do caminhão de seu João, vizinho da família;
Ou pegando ônibus da Ana Cássia para não subir a ladeira e chegar atrasado e suado ao Grupo Escolar Adalberto Valle, onde iniciei meus estudos;
Saudades sinto de meus tempos de menino:
Porque menino era provido de sonhos e desprovido de qualquer outra responsabilidade; Além de estudar; criar brincadeiras de bola na rua e de bolas que eram furadas quando caíam nos quintais alheios.  
Saudades dos banhos nas cacimbas; dos banhos de chuvas nas biqueiras de zinco das casas...da liberdade de menino!
Ah, que saudades sinto por sentir saudades de um tempo que as pessoas eram felizes, das brincadeiras de bolinhas de gude, pião amarrado em uma corda e arremessado ao vento; dos “papagaios” nunca por mim empinados; dos amigos de infância...saudades de saudades de um tempo que sei: nunca mais voltará a existir como em meus tempos de menino!


Autor: Carlos Costa - Manaus/AM
Publicação autorizada pelo autor

2 comentários:

Patricia disse...

Uma linda crônica, escritor Carlos Costa, já conhecia seu trabalho. Li o texto kika e uma parte do livro O Homem da Rosa.

Jussara Burgos disse...

Olá Carlos: quero lhe parabenizar pelos seus contos. Tenho acompanhado seu trabalho por causa da sua leveza. Hoje li A esperança e me deliciei.Estou feliz por conhecer pessoa aqui no Blog. Um abraço dessa sertaneja