Autor: Ilton Souza
Encontraram-se
pela primeira vez na pracinha mal cuidada de uma cidadezinha do
interior, no início de uma noite de primavera. A mulher sentada num banco,
solitária, mergulhava o seu interesse numa revista. O homem se aproximou,
puxou conversa;
─ Boa
noite senhora... Murmurou.
─
Senhorita... Respondeu.
─
Posso me sentar?...
─ Pode
sim... A praça é pública...
─ A
moça mora aqui na cidade?...
─ Ela
sorriu: ─ Até ontem... Agora estou de viagem...
─ Que pena... Vai pra onde?...
─
Ainda não sei...
─ Como
não sabe?...
─ Não
sei por que não sei... Ora...
─ Tá
bem... Me desculpe...
─ Está
desculpado... Bem já estou indo, viu?...
─ Já
vai?...Ao menos me diga o seu nome!...
─ Alaíde...
Embaixo
de um poste o pipoqueiro meio alquebrado ao lado do seu carrinho completava
aquela cena surreal. O homem se aproxima intrigado.
─ Boa noite, amigo...
─ Boa
noite...
─
Posso lhe fazer uma pergunta?...
─
Claro... O que o senhor deseja saber?...
─ Você conhece aquela moça que estava comigo
naquele banco?...
─ Que
moça, meu chefe?... O senhor estava sozinho... Parece até que bebeu... Olhe...
Eu vou me recolher... Hoje não vai ter freguesia... Todo mundo da cidade deve
estar no velório de Alaíde, a filha caçula do dono da farmácia que foi
atropelada por uma moto...
Autor:
Ilton Souza - Dias DÁvila/BA
Página
do autor:
Publicação autorizada pelo
autor
Um comentário:
Que coisa, por essa não esperava. Super bem criativo. Gostei do texto. Gilberto Pereira da Silva/Triunfo/PE
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