Correndo
pelas ruas livre leve e solto; nadando nos igarapés límpidos que refletiam o
meu rosto e, ao fundo, se via areias brancas e reluzentes como que colocadas
pelos deuses da natureza;
Saudades
sinto de meus tempos de menino:
Atravessando
catraias nos igarapés de minha solidão, ainda límpidos que cortavam minha
cidade, mas ainda povoam minhas lembranças e alimentavam famílias;
Homens
perderam seus trabalhos, deixaram de sustentar famílias e hoje quem sabe por
onde andam;
O
progresso e a construção de pontes destruíram um pouco de minhas lembranças; do
passado destruído em nome de um progresso voraz e inconsequente!
Saudades
sinto de meus tempos de menino:
Banhando-me
nas entranhas da cidade vazia, infestada por igarapés reluzentes onde se refugiavam
pessoas: Parque 10, Guanabara, Tucunaré Clube de Campo e muitos outros;
Saudades
sinto de meus tempos de menino:
Vendendo
jornais pelas ruas de uma cidade que descansava para o almoço, sem ter
preocupação em ser assaltado; no máximo, importunado por meninos que,
como eu, buscavam sobreviver das ruas e nas ruas!
Saudades
sinto de meus tempos de menino:
Almoçando
cedo, saindo de casa tomando bênção de mãe e pai, para percorrer os cinemas de
Adriano Bernardino, indo-os a todos, do Guarany, ao Polyteama e terminando pelo
Cine Vitória, andando muitas vezes à pé ou pedindo carona de algum carro
passante;
Saudades
sinto de meus tempos de menino:
Saindo
para o Grupo Escolar, na corroceria ou na boleia do caminhão de seu João,
vizinho da família;
Ou
pegando ônibus da Ana Cássia para não subir a ladeira e chegar atrasado e suado
ao Grupo Escolar Adalberto Valle, onde iniciei meus estudos;
Saudades
sinto de meus tempos de menino:
Porque
menino era provido de sonhos e desprovido de qualquer outra responsabilidade;
Além de estudar; criar brincadeiras de bola na rua e de bolas que eram furadas
quando caíam nos quintais alheios.
Saudades
dos banhos nas cacimbas; dos banhos de chuvas nas biqueiras de zinco das
casas...da liberdade de menino!
Ah, que
saudades sinto por sentir saudades de um tempo que as pessoas eram felizes, das
brincadeiras de bolinhas de gude, pião amarrado em uma corda e arremessado ao
vento; dos “papagaios” nunca por mim empinados; dos amigos de
infância...saudades de saudades de um tempo que sei: nunca mais voltará a
existir como em meus tempos de menino!
Autor: Carlos Costa - Manaus/AM
Blog do autor: http://carloscostajornalismo.blogspot.com/
Publicação autorizada pelo autor
2 comentários:
Uma linda crônica, escritor Carlos Costa, já conhecia seu trabalho. Li o texto kika e uma parte do livro O Homem da Rosa.
Olá Carlos: quero lhe parabenizar pelos seus contos. Tenho acompanhado seu trabalho por causa da sua leveza. Hoje li A esperança e me deliciei.Estou feliz por conhecer pessoa aqui no Blog. Um abraço dessa sertaneja
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