Há um
consenso, quase um mito, de que nós mulheres conversamos muito. Conversa de
lavadeiras ou comadres e mais recentemente tricotando, são expressões que ainda
se ouvem e alimentam o entendimento equivocado de que tratamos a maior parte do
tempo de frivolidades femininas, o que naturalmente enseja a curiosidade
masculina.
Não há
mistérios. Cada um de nós, independente do sexo, partilhará com maior ou menor
intimidade com seus pares, as experiências vividas dentro do contexto
sócio-cultural em que está inserido. As diferenças, na maior parte das vezes se
encontram nas formas de expressar, estas sim características de cada gênero.
Trocávamos receitas e eventualmente ainda trocamos, falamos sobre a educação
dos filhos como sempre, mas hoje, em pleno século XXI, um sorriso cúmplice
entre amigas pode perfeitamente se referir ao sucesso de um bom investimento e
não ao mais recente namorado.
Da mesma
forma, ainda é comum se imaginar que um homem e uma mulher almoçando juntos,
por exemplo, é um casal e não colegas de trabalho. Evoluímos sim, mas nosso
comportamento social continua retrógrado e relacionado à função primordial de
preservação da espécie, em que naturalmente não se encaixam sequer as opções de
orientação sexual.
Em algum
momento, o empoderamento feminino significou a invasão de um universo até então
absolutamente masculino, criando um distanciamento maior, como fossemos
espécies diferentes ou originários de planetas distintos, o que já serviu até
para título de livro. Até na linguagem empregada, especialmente nos discursos
políticos, fica evidente esta visão ultrapassada, já que se desconsidera que a
palavra companheiros é plural em que cabemos todos, independente de sexo, raça
ou religião.
Passa da
hora de nos acertarmos com o tempo em que vivemos e buscarmos nossa
complementaridade enquanto seres humanos, em prol da sociedade, para além dos
papéis individuais e das funções sexuais da espécie. E guardarmos dos
mistérios, como na dança dos véus, a magia da descoberta do outro.
Autora
– Mônica Caetano Gonçalves – Belo Horizonte/MG
Publicações da autora: (http://monicaemversos.blogspot.com.br/)
e também semanalmente no Jornal "O Pioneiro" (Linhares- ES) e na
Revista CAPITA Global News (Colatina - ES), além de poemas no site Poetas
Trabajando e crônicas eventuais no site Debates Culturais.
2 comentários:
Texto impecável, trabalho de escritora talentosa. Gostei do foco do texto e do seu jeito de abordar o tema.
Excelente texto! Você escreve muito bem! E o tema é atual, sempre oportuno. Parabéns, Mônica. Marina Alves.
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